6.Segredo

Adoro sexta-feira, graças a Deus a semana já estava terminando.

Levantei-me e fui tomar café, já estava tarde e iria me atrasar pra aula, tomei um lanche correndo me arrumei e fui pra escola. Durante o caminho não pude deixar de pensar no Kal, será que ele estaria lá hoje também?! Esperava que sim. Não deixar de pensar também no Rik, como ele iria agir comigo agora? Ficaria normal? Tomara que sim.

Quando cheguei a escola vi o tal carro importado que Kate falou no estacionamento, era lindo e reluzente como tinha dito, e não a moto do Rik.

Entrei na aula de Literatura – por sorte era a minha primeira aula hoje – cheguei atrasada e o professor me olhou com uma cara de... Professor.

Kal estava sentado numa mesa na frente da minha, e quando me viu sorriu muito alegremente – não querendo me gabar, mas só faltou se levantar da cadeira e começar a pular – me sentei atrás dele.

A aula passou rápido demais.

Fui para a próxima aula. Kate estava lá, sentou ao meu lado antes do professor entrar.

- Eu vi o Kal no corredor! Estava todo feliz... Ele ficou assim só porque te viu?

- Eu não sei porque ele está feliz Kate, o normal é as pessoas ficarem felizes – disse com sarcasmo.

- Não ele! Ontem ele não sorriu o dia todo e hoje na entrada também não, agora depois de uma aula com você ele fica todo felizinho, não é estranho não?!

- Não. A aula estava muito boa hoje – falei com sarcasmo de novo.

- Quan... – o professor de Geografia entrou na sala.

- Todo mundo se sentando! – gritou a coisa chata do professor.

Kate me olhou com uma cara de ‘que saco!’ e foi sentar no seu lugar.

Essa aula passou bem devagar, parecia que nunca iria acabar, acho que era porque eu estava ansiosa demais para a próxima aula – que seria de história com o Kal.

Finalmente a aula acabou e corri em meio à multidão que saia pela porta para Kate não me pegar e vir com aquelas perguntas de novo, tagarelando no meu ouvido.

Fui ao banheiro e depois fui para aula de história, cheguei um pouco atrasada estavam quase todos já sentados e o professor de história me olhou com cara feia – quando ele me olha com aquela cara me dá tanta vontade de falar ‘ cara feia pra mim é fome!’, me controlo.

- Kristen você vai sentar com a o novo aluno Chad agora – ele falou virando a cara em direção a mesa em que o Kal estava sentado.

Sempre me sentei sozinha na aula de história no começo do ano eles tipo sorteiam quem vai sentar com quem na aula durante todo o ano, as vezes tem um sem sorte que acaba ficando sozinho, esse ano eu fui a sem sorte. Mas como Kal havia chegado ele não sentaria sozinho sendo que eu estava ao dispor.

Sorri e fui em direção ao Kal e ele sorriu de orelha a orelha, me sentei ao seu lado e coloquei meus livros em cima da mesa.

- Ei sumido – disse baixinho e tentando mostrar indiferença.

Ele sorriu.

- Já estava com saudades – ele falou.

- Também – sorri.

- Ei os dois mocinhos parem de conversar agora – a bosta do professor gritou. Aff!

Kal virou sem perceber e cochichou em meu ouvido:

- Topa sair comigo depois da aula?

Sorri.

- Topo sim. Pra onde?!

- Que tal o cinema?

- Fechado. – sorri.

Viramos-nos e começamos a fazer um exercício enorme.

Essa aula também demorou, muito mais que a outra. A aula terminou e todos fomos para o recreio, Kal foi comigo.

- Então qual filme quer ver ?– ele disse se abaixando e sentando em baixo de uma árvore, me sentei também.

- Tá passando um super legal no cinema... Lua Nova já ouviu falar? – tava louca pra assistir esse filme.

Ele ficou com a cara super séria e depois deu um sorriso.

- É da série de vampiros não é?

- É sim. E foi gravado em Volterra, quem sabe não foi no mesmo lugar que você morava?

- É possível Volterra não é muito grande.

- Então vamos ver esse?

- Tudo bem – falou ele com desanimo.

- Você não gosta da série não é?

- Não é que não goste só não acho ela muito realista.

- Nada que tenha a ver com vampiros é realista amor – falei com sarcasmo – hoje eu tava com um sarcasmo *_*

- Você não acredita em vampiros? – ele falou com um pouco de sarcasmo também.

- Sabe que eu não sei... Talvez sim, mas talvez não, queria acreditar que existe, mas acho muito pouco provável – ele estava prestando atenção -, seria legal existir vampiros falei com sinceridade e sorri.

- Isso por que você só viu os vampiros bonzinhos do crepúsculo – ele sorriu.

- A é senhor sabe-tudo existem vampiros maus por aí?

Ele sorriu.

- Você nunca leu Diários do vampiro nem Drácula não?

- Não só ouvi falar...
- Depois que você ler não vai achar os vampiros tão bonzinhos assim mais, te garanto!

- Er... Vou procurar saber mais sobre esses livros - falei com sarcasmo [/denovo
Bred chega perto de nós.

- Ei Kris sabe por que o Rik faltou hoje?
Ele se vira para o Kal.
- Ah! Ei Chad!
Se volta pra mim.
- Então Kris você sabe?

- Não
- Será que aconteceu alguma coisa? -Bred disse
- Tomara que não - falei preocupada
- A ele só deve ter acordado atrasado ou algo do tipo - Kal disse - é deve ter sido.
- Já vou indo tchau Kris tchau Kal
- Tchau
- Tchau - Kal disse
- Hum melhor deixar nosso cinema para outro dia..

- Por quê?

- Por quê?
- Bom o Rick não veio à aula e não me ligou pode ter acontecido alguma coisa...

- Ou então ele pode ter acordado tarde e esquecido de te ligar...

- Ah vamos, por favor!!
- Ah ta - eu disse sendo vencida era incrível como não pude negar nada a ele

Continua no próximo post...

5.Novidades

Graças a Deus que o dia havia acabado não agüentava mais ouvir as mesmas palavras de várias vozes diferentes, sempre dizendo ‘fiquei sabendo de você e do Erik, parabéns’ ou se não ‘finalmente, demoraram em!’.

Por mais que o Rik fosse amável, atencioso, romântico, charmoso, lindo, tudo de bom, e estávamos namorando há três dias praticamente e ainda me faltava algo, me sentia vazia de algum modo, e toda vez que procurava o porquê desse vazio, só chegava a um nome, Kal, e com esse nome sempre vinham as mesmas perguntas em minha mente, porque sinto falta dele? Porque me sinto tão vazia longe dele? Por quê? E nenhuma resposta me vem a mente, só uma súbita saudade.

Queria conversar com ele mais, queria ver seu rosto mais uma vez.

Mas agora só poderia esperar ele ir a escola, só isso.

- Você está aí Kris? – perguntou meu pai batendo na porta do meu quarto.

Levantei-me da cama.

- Sim pai, to aqui, o que você quer?

Abri a porta.

- Nada, só passei pra te dar boa noite – ele olhou para dentro do quarto – Ah! Não se esqueça de fechar a janela para dormir em! – ele me deu um beijo na bochecha e saiu.

Fechei a porta e fui em direção a janela – meu pai nunca deixava a eu dormir com a janela aberta desde que um morcego invadiu meu quarto à noite e eu dei um ataque com a aquele bicho voando na minha cabeça – , quando ia fechando a janela vi algo se mexendo em meio a floresta, como meu quarto ficava no segundo andar não deu para enxergar muito bem o que era ou quem estava lá embaixo, mas parecia ser uma pessoa, pois quando me viu parou subitamente, fiquei olhando aquilo por bastante tempo, tentando ver o que era em meio aquele breu, mas não conseguia, então como num piscar de olhos a sombra sumiu em meio a escuridão; Fechei a janela.

Aquilo não poderia ser um animal, não seria tão racional a ponto de ficar parado me olhando, havia alguém e disso eu tinha certeza, mas quem estaria em meio a floresta a noite perto da minha casa? Esse alguém não estava perdido, senão teria pedido ajuda aqui, mas então quem era? Só poderia ser alguém que conhece bem a área, só alguém que conhece muito bem essa área para andar em meio aquele breu a noite. Amanhã vou observar melhor a floresta á noite, vamos ver se essa pessoa volta amanhã, se voltar eu a pego e veremos quem é.

Embrulhei-me e adormeci.

Acordei de manhã com o barulho estrondoso do portão da garagem e desci para tomar café.

Quando estava acabando a campainha tocou, quem viria a minha casa as dez da manhã? Só poderia ser o Rik, quando abri a porta não consegui acreditar em quem eu via, não acredito que ela estava aqui, não podia ser verdade, era muito surreal, não acredito que a Nikki – minha melhor amiga de Ottawa (todos lá eram um bando de falsos, vagabundos, só ela que prestava em meio a eles), e eu sentia muita saudades dela, ela só havia me ligado umas duas vezes ao longo desses dois anos pra me dar feliz aniversário,alegava ela que a ligação era muito cara e que ela não tinha tempo -, estava aqui na minha frente.

- Ai que saudades Kris! – disse ela pulando no meu pescoço.

- Que saudade também, como você me achou? Como seus pais a deixaram vir até aqui? Meu Deus! Como você está diferente – disse me afastando e a olhando dos pés a cabeça, ela estava mais bonita do que nunca, seu cabelo estava negro, cortado até a nuca, um espetado meio bagunçado, seu rosto estava mais claro do que nunca, deixando em contrate seus olhos quase negros de tão pretos; Não pude deixar de perceber que ela trazia com ela uma mala grande e uma mochila.

- Então não vai me convidar pra entrar não?

-Claro! Entra Nik.

-Sua casa nova é linda – disse ela olhando tudo a sua volta.

- Minha antiga casa nova sua sumida.

- Que seja! – ela sorriu e me olhou dos pés a cabeça – Nossa! Kris você ta linda de morrer.

- Igualmente. Mas me diga, porque resolveu vir me visitar agora? – olhei desconfiada pra ela.

Ela entrou e eu fechei a porta.

- Você conhece o meu pai, sabe como ele é super preocupado com meus estudos... Outro dia ele estava olhando na internet uma escola nova pra mim, porque na minha escola acharam um bando de bestas com um tanto de drogas, e ele não me queria deixar lá... Então ele viu que as escolas da Califórnia são super conceituadas, são consideradas as melhores dos Estados Unidos, e alguns meses minha avó morreu, deixando para ele sua casa que fica aqui em Sacramento, e meu irmão trabalha em San Diego, então eu o convenci de me deixar estudar na escola que você estuda.

- Você vai morar sozinha na casa da sua avó? – disse incrédula.

- É. Meu irmão vai vir sempre que der pra ver se está tudo bem, San Diego é aqui perto – ela sorriu.

- E... Como descobriu meu endereço?

- Antes de vir pra cá peguei seu endereço com sua mãe, queria te fazer uma surpresa.

- E que dia você começa a estudar?

- Vou lá hoje fazer a matrícula e amanhã devo começar... - seu celular tocou - Só um minutinho Kris... - ela pegou a celular - é o meu irmão... Alô? Já cheguei sim... - pausa - Ok, eu te espero aqui então... Tchau, beijo - ela desligou o celular e sorriu pra mim - Meu irmão tá vindo me buscar aqui pra mim ir na escola fazer a matrícula.
- Ele já tá chegando?
- Não vai demorar mais umas duas horas... Então, me mostre sua casa!
- Claro, vem!
Enquanto a mostrava a casa contei a ela toda a minha nova vida aqui na Califórnia, e ela me contou tudo que havia acontecido lá em Ottawa desde que fugi de lá - na verdade não havia mudado muita coisa, a única novidade foi que ela namorou o menino mais bonito da escola de lá por quatro meses, até que ele atraiu, e só -, quando estava acabando de mostrá-la a casa a campanhia tocou e fui atende-la.
Era o Rik.
- Kris! Você não tá pronta ainda? - ainda estava com meu pijama e tinha esquecido totalmente do horário.

- É que minha amiga de Ottawa vai se mudar pra cá e veio me visitar, tava conversando aqui com ela e acabei perdendo a hora.

Ele entrou e me deu um selinho, Nik estava atrás de nós dois meio sem graça.

- OK. Então vai se arrumar – ele olhou para Nik – Ei! Prazer, sou Erik mas pode me chamar de Rik – ele sorriu e lhe estendeu a mão.

- Prazer, Nikki – disse ela apertando a mão de Rik.

Nesse momento uma buzina soou lá fora.

- Deve ser meu irmão – disse Nik pegando suas coisas, ela se virou pra mim e me abraçou ternamente – Ai! Eu estava com muitas saudades de você, foi muito bom revê-la – ela me soltou – Até a escola! – ela se virou para a porta e acenou para seu irmão que a estava esperando encostado do lado de fora do carro e depois se virou para o Rik – Foi um prazer conhecê-lo Rik! Vemos-nos na escola – ela se voltou pra mim e deu um sorriso – Tchau – e se foi.

Rik fechou a porta.

- Sua amiga parece ser legal... – ele me olhou – Bom, se você quiser ir a aula, você tem cinco minutos para se arrumar, mas se você não quiser ir você tem mais ou menos umas cinco horas, pra me beijar, me abraçar, me amar e... Beijar-me de novo – ele deu um sorriso de uma orelha a outra.

Pensando bem, não ir a aula hoje era uma boa idéia, estaria o mesmo saco de sempre – todo mundo dando os parabéns e eu duvido que o Kal deva ir hoje a aula, ele deve faltar a semana toda – então ficar aqui tirando uma boa casquinha do Rik não era nenhuma má idéia, parecia-me tentador.

Peguei o colarinho da sua blusa e o puxei com força para perto de mim e beije-o com vontade até ficar sem fôlego.

Recuperei o fôlego.

- Você quer ir à aula Rik? – disse a ele com um tom de sarcasmo.

- Bom... Acho que... Não vai ter muita coisa na aula hoje né?

- É. Ficar aqui pode ser interessante não é mesmo?

- Com toda a certeza – ele disse sarcasticamente.

Pegou-me pela cintura e me puxou para seu peito e me beijou com tanto amor que me coração começou a bater cada vez mais e mais forte, ele me empurrou para o sofá, fazendo com que ele ficasse por cima de mim, ele começou a tirar minha blusa e eu o impedi – nunca havia feito isso – ele se afastou um pouco.

- Desculpe-me, empolguei – disse ele constrangido.

- Não tem que pedir desculpas.

- Estou sendo rápido demais.

- Não o culpo, demorei mais de um ano para dizer que te amo.

Ele me abraçou.

- Eu te amo sabia? – disse ele.

- Uhum...

Ele beijou de novo.

- Acho que nunca vou conhecer uma pessoa mais paciente do que você – disse e o beijei mais uma vez.

Ele sorriu.

- Vem cá – me levantei e fui com ele em direção a escada.

O levei para o meu quarto.

Ele não merecia só o pouco de amor que lhe dava, ele merecia todo o meu amor, eu estava preparada para aquilo, eu o amava não amava? Então não teria problemas. Fazer amor pela primeira vez com o Rik seria a decisão certa, ele me amava e já havia provado isso mais de um milhão de vezes, ele era inteiramente meu e eu era inteiramente dele.

Fechei a porta do quarto.

- Não acho justo depois do tanto que você esperou eu te fazer esperar ainda mais pra te demonstrar todo o amor que sinto por você – tirei sua blusa.

- Você não precisa fazer isso se não quiser Kris...

- Eu quero.

Ele sorriu e me beijou com cuidado me empurrou para a cama e tirou minha roupa, tirei a sua também.

E foi tudo muito fácil e muito bom.

Acordei algumas horas depois, Rik estava dormindo do meu lado.

Já estava começando a anoitecer, olhei o relógio que fica no criado mudo, tomei um susto, já eram 18h30min, o tempo havia passado muito rápido. Acariciei seu rosto e o beijei delicadamente, ele acordou e sorriu.

- Ei... – disse ele ainda sorrindo como um bebê.

- Já tá tarde daqui a pouco meu pai vai chegar – disse baixinho.

- Quantas horas?

- Seis e meia.

- Nossa... Já?

- É.

Ele acariciou meu rosto.

- Meu amor... – ele disse e me beijou a testa.

Eu sorri.

Meu celular tocou me virei e o peguei em cima do criado-mudo.
- Alô?
- Oi Kris é a Kate.Porque não foi a aula hoje? Você não tem idéia do que perdeu. Tô indo pra sua casa daqui uns dez minutos eu tô aí, tenho que te contar pessoalmente o que aconteceu. Até daqui a pouco! - Kate falou tão rápido que estava até difícil entender tudo.
Me virei para o Rik.

- Quem era? - perguntou-me o Rik.
- Era a Kate, falando que está vindo pra cá, porque quer me dizer algo pessoalmente.
-Hum... - ele se aproximou de mim e beijou-me com ternura - tenho que ir se não seu pai e minha mãe me matam - falou com urgência.
- OK - ele me deu um selinho.
Ele se levantou e começou a tampar aqueles bíceps lindos com sua blusa; Me levantei e procurei uma roupa pra mim também no guarda-roupas e vesti.
Rik já havia vestido suas roupas e vinha em minha direção, ele colocou suas mãos em meu rosto e beijou minha testa.
- Tchau, meu amor! - ele falou e sorriu.
- Tchau - sorri também e lhe dei um selinho.
Ele sorriu e desceu, depois de alguns segundos escutei o barulho abafado da porta se fechando.
Uau! Eu tinha feito isso? Não acredito; Isso deve um sonho, daqui a pouco vou acordar e rir de mim mesma... Aimeudeus! Isso não pode ser um sonho, eu fiz isso mesmo.
A campainha tocou.
Desci e fui atendê-la.

- Kris! Você não vai acreditar no que aconteceu! - disse a Kate já entrando.
- O que aconteceu Kate?! - disse curiosa.
- Aconteceram duas coisas legais, uma muito legal e outra um pouco legal, qual quer saber primeiro?
- A pouco legal.
- Aquele garoto que você estava esperando a semana toda que você disse que era seu amigo apareceu lá hoje, e caramba! Ele é lindo! Não tinha me dito que ele era tão lindo e rico! Meu deus! Ele é um gato!
- Mas ele não é rico! - e não era mesmo, pelo que tinha me dito o pai dele não o deixava tocar no dinheiro que ele herdou.
- Se ele é rico eu não sei, mas que ele chegou à escola com um carro que estava parecendo novinho, importado, preto e reluzente, ele chegou sim!
- Estranho... - ela me interrompeu.

- Amanhã você tem que me apresentar ele!
- OK. Você sabe que aulas ele pegou?
- Ah! É da sua sala de história e também de literatura, e é da minha sala de matemática.
- E você teve matemática hoje?
- Interresada em... Tive sim.

- E? O que achou dele? - disse me sentando no sofá, ela sentou também.
- Ele é estranho fica parece anti-social, fica quieto o tempo todo, a menina que senta com ele na aula
ficou tentando puxar assunto, mas ele nem deu idéia só respondia 'sim' 'não' 'um pouco' 'às vezes', não queria papo; No recreio ficou sentado o tempo todo embaixo de uma árvore olhando pra todo o lado parecendo que estava procurando alguém e fingindo que estava lendo um livro... Ele parecia um pouco nervoso, entediado, sei lá! Não o vi com uma cara feliz em nenhum momento.
Será que ele estava me procurando? Poderia estar, seria muito bom. Mas, faltar a aula tinha valido a pena de qualquer modo.
- E a coisa muito legal? - perguntei curiosa.
- Ah! Essa você vai adorar...
- Fala! - disse já sem paciência.
- Hoje tinha uma garota que eu nunca vi com um homem, o homem foi pra secretaria e ele foi para o pátio ficou lá andando de um lado pro outro...
- Como era ela? - poderia ser a Nik.
- Tinha cabelo preto e curto quase na nuca, e era branca pra caramba! Porque?
- Ela é uma grande amiga minha lá do Canadá, ela se mudou pra cá e disse que iria passar lá na escola pra fazer a matrícula junto com o irmão dela.
- Ham... Só podia ser sua amiga mesmo!
- Por quê? O que ela fez?
- Ela estava no pátio numa boa e a Rose passou e deu um esbarrão nela que ela quase caiu no chão de tão forte que foi aí essa menina virou pra ela e falou 'Você não enxerga não!', aí a Rose fazendo o seu papel de vadia que fingi ser boa, virou pra ela e falou 'Eu não enxergo insetos como você amor', a menina virou pra ela com uma cara que eu pensei que ela fosse estrangular a Rose, eu ia adorar presenciar isso, mas ela não o fez, a menina virou pra Rose e falou 'O único inseto que eu tô vendo aqui é você meu bem, não me provoque garota você não sabe com quem tá mexendo', aí a Rose falou 'Meu bem, eu sei com quem eu tô mexendo sim... Uma suburbana idiota!', foi aí que aconteceu a coisa mais linda do dia, a menina vôo em cima da Rose, depois disso só ouvi barulho de tapa e soco, e todo mundo gritando, depois a Rose saindo com a boca sangrando e a menina com cara de nervosa com a cara vermelha sendo levadas pelo diretor e todo mundo indo atrás, tão dizendo que a Rose levou até uma suspensão porque começou a briga, foi lindo, você ia adorar tá lá! - terminou ela rindo.

- É. Acho que iria sim – falei rindo.

- Então... O que você fez de bom aqui?

- Se eu contar você não acreditar mesmo.

- Se você não contar você nunca vai saber se iria ou não acreditar! – ela falou levantando a sombra celha.

- Eu... Fiquei aqui transando com o Erik.

- O quê?! Tá eu vou fingir que não escutei você dizendo ‘transando com o Erik’, OK?

Sorri.

- Sabia que você não iria acreditar. Viu!

- Você perdeu sua virgindade? – ela disse com uma cara angustiada.

Respirei fundo.

- É.

4.Visita

- Oi Kris! Quanto tempo você não vem aqui. Já estava com saudades de você. – falou a mãe do Rik me abraçando na soleira da porta.

- É. Muito tempo mesmo, também estava com saudades de você, onde está o Erik?

- Há. Ele está lá em cima no quarto. Pode subir Kris.

Ela fechou a porta e eu comecei a subir as escadas.

- Quer alguma coisa para beber Kris? – perguntou a mãe do Rik.

- Não obrigada.

Continuei a subir as escadas.

Abri de vagar a porta do quarto do Rik. Ele estava dormindo. Fui até sua cama, e sentei ao seu lado, coloquei a mão em seu cabelo – ele com certeza era tão bonito quanto o Kal.

- Ei Rik – falei baixinho em seu ouvido – acorda.

Ele abriu devagar os olhos, me viu e deu um sorriso.

- Há.. O quê que você ta fazendo aqui? Você nunca vem aqui em casa. Que milagre é esse? – ele se sentou na cama, e estava sem camisa – era quase impossível não olhar aquele peito musculoso.

- Eu imaginei que você estivesse um pouco chateado comigo por eu não ter pegado uma carona com você ontem e resolvi vir aqui.

- Aquilo foi estranho. Tenho que admitir que fiquei com um pouco de ciúmes, mas fiquei muito mais chocado com sua atitude. Você nem conhece direito esse tal de Chad e já vai pegando uma carona com ele assim do nada? Ele poderia ser um psicopata! Do jeito que ele ficou te olhando o dia inteiro, e ainda oferece uma carona? Eu pensei que ele fosse te levar pro meio do nada e te matar! Você é doida!

- Olha eu vou ser sincera com você, porque amo muito você. Cara, quando eu o vi eu não sei o que aconteceu comigo, eu senti uma coisa diferente que eu não sei explicar, era como se eu tivesse conhecido ele há anos não segundos... Eu não sei o que aconteceu, só sei que... Sei lá! Eu realmente não sei explicar.

Ele me olhou com expressão de profundo pesar.

- Você está me dizendo que apaixonou por esse cara a primeira vista? – ele me olhou com uma expressão que eu realmente pensei que ele iria chorar, ou cortar os próprios pulsos – É isso?

Pensei um pouco. Era realmente isso? Eu estava apaixonada por Kal? Ou era só uma paranóia minha? Pensando bem... Tudo o disse era verdade, por mais que eu não tenha registrado o fato, eu realmente tinha sentido como se eu o conhecesse há muito tempo quando o vi pela primeira vez, será que Rik estava certo? Eu estava apaixonada por Kal mesmo?

- Eu não sei – murmurei – Eu realmente não sei.

Ele virou o rosto e ficou como uma pedra por uns segundos.

- Kris... Eu, não vou esperar mais, eu te amo você é minha vida, você, você tem de me dizer se me ama ou não, e não me venha mais com essa conversinha de esperar você esquecer o Felipe, se você realmente pensa nele tanto quanto diz você não teria se “apaixonado” com esse Chad – ele se acalmou um pouco – por favor, não me faça sofrer mais, me diga se você me ama ou não agora.

Ele foi um pouco grosseiro, mas estava totalmente certo.

Porque adiar isso? Eu realmente não pensava muito no Felipe mais, e, não ficar com o Rik por causa de um garoto – super – que conheci ontem não me parecia certo.

Erik merecia o meu amor mais do que ninguém – e eu o amava –, mas Kal me parecia um tanto quanto tentador, mas mesmo assim “eu o conheci ontem” fala sério!

Eu queria o Rik e ele me queria pra mim isso bastava.

Coloquei minhas duas mãos em seu rosto e cheguei meu rosto para mais perto do rosto dele, ele continuou me olhando com cara de tristeza e frustração.

- Erik Wert, eu te amo, sempre te amei, e nenhuma paixãozinha minha se compara a isso – por enquanto eu acho– entendeu?

Ele ficou radiante, com cuidado colocou suas mãos em meu rosto e me beijou com delicadeza – no começo –, depois foi ficando cada vez menos delicado e mais rápido, mais intenso, ele pegou na minha cintura e me apertou contra o seu peito e com um leve puxão me jogou em sua cama, então, de repente, parou, e me fitou por um longo instante, e deu um suspiro.

- Você é a coisa mais linda que já me aconteceu... Você é o amor da minha vida! – ele disse como se estivesse recitando um poema de Shakespeare.

- Eu também te amo Rik – tentei colocar todo o amor que sentia por ele em minhas palavras.

Seus lábios tocaram os meus lentamente, e ele se levantou num pulo.

- Vem! Vem vamos contar pra minha mãe a novidade, tenho certeza que ela vai ficar tão feliz quanto eu estou, ela sempre vive me falando ‘Você deveria namorar com a Kris, ela é um a boa menina’ – ele disse fazendo uma imitação mal feita da voz da mãe dele.

Ele pegou minha mão e me puxou da cama com um sorriso quase eufórico no rosto e me abraçou.

- Agora me diz, se estivesse feito a mesma pergunta a você há um tempo... Você me daria a mesma resposta?

Não era uma pergunta muito difícil.

- Se tivesse usado as mesmas palavras que você usou hoje, eu com certeza daria a mesma resposta.

- Porque eu não fiz isso antes?

- Não sei, estava esperando você me responder isso.

Continuávamos abraçados.

- Não sei talvez medo.

- Eu te dou medo? – perguntei sarcasticamente.

- Não. Nunca deu. Sua resposta que me dava medo. Mas, agora você é minha. – me deu um beijo.

Ele me deu a mão e decemos à escada. Não conseguia parar de olhar para seu corpo – ele estava sem blusa (com aquela barriga sarada a mostra), e com uma calça cáqui (a mesma que usou ontem) –, nem dá para acreditar que isso tudo agora é de uso exclusivo meu.

Já estávamos na cozinha e sua mãe estava no jardim regando as flores, o que achei estranho – porque o céu estava escuro e com toda a certeza iria chover daqui a pouco –, a única resposta sensata para ela estar fazendo é que ele estava caducando.

- Porque sua mãe está regando as plantas com tempo desse jeito? – falei com Rik que estava pegando um leite dentro da geladeira e pondo o café da manhã na bancada.

Ele deu uma risada.

- Ela faz isso todo dia na mesma hora, não importa o tempo, sei lá, ela deve ser meio compulsiva com o jardim, ou se não deve estar caducando. Já tá entrando na idade disso – deu outra risada.

- É mesmo. Nunca me disse quantos anos sua mãe tem. – fiz das palavras uma pergunta.

- Sessenta e três anos.

- Não está tão velha.

- Mas já está na idade de caducar.

Ele se sentou e começou a preparar o café.

- Senta amor – ele falou me apontando a cadeira –, eu aposto o que for que você saiu de casa sem tomar café, não foi?

- Foi. – disse me sentando ao seu lado na bancada – Mas não estou com fome.

- Deixa disso. – ele me entregou um pão de forma com geléia que acabará de fazer – Pode comer.

- Er... Eu acho que não vai fazer mal – peguei o pão e comecei mordiscar-lo.

- É claro que não vai fazer mal, é só um pão, não um monstro – ele riu.

Revirei os olhos.

Sua mãe entrou pela porta da cozinha.

- Ei mãe adivinhe a novidade! – disse o Rik já quase quicando.

Ela olhou pra ele retorceu a boca e fez cara de quem estava confusa.

- Fala logo – disse ela impaciente.

- Eu e a Kristen estamos namorando – ele deu um sorriso e se virou para mim.

Ela fez uma cara de surpresa.

- Oh! Parabéns para os dois – ela chegou perto de mim e me deu um abraço –, pensei que nunca fosse acontecer – falou ela rindo, foi até o Rik, e o abraçou (até parece que a gente ia casar!), ela olhou pra mim – cuide bem da um meu filhotinho em!

- Pode deixar! – qual seria o grau de vermelho das minhas bochechas agora?

Ela sorriu.

- Bom, vou ir fazer umas compras agora. Quer algo do supermercado Erik? – disse ela ainda sorrindo.

- Não quero não, valeu mãe.

Então ela foi fazer suas compras.

Nós tomamos o café da manhã em silêncio. Quando nós acabamos ele se levantou e começou a tirar o café da mesa.

- Então, o pão te fez mal? – ele disse levando as vasilhas que estavam na bancada.

- Não, parece que eu sobrevivi – disse com indiferença.

Ele acabou de lavar as vasilhas e subimos para seu quarto. Ele pulou na cama e bateu a mão no espaço que estava vazio – sua cama era de casal – e eu me deitei ao seu lado, ele olhou para o teto.

- O que você acha que Kal vai fazer quando souber que a gente está namorando?

- Não tenho a menor idéia – falei com convicção.

- Porque não tem a menor idéia? – disse ele ainda fitando o teto.

- Porque eu não o conheço direito – levantei a cabeça e fiquei olhando para o seu rosto, ele me retribuiu o olhar.

- Ontem não parecia que você não o conhecia – falou com um tom sarcástico.

O fitei incrédula.

- Da para parar com essa crisinha de ciúmes antes que eu me arrependa da decisão que tomei hoje? Que saco! Eu te amo!

Ele arregalou os olhos e me deu um selinho.

- Me desculpe – disse ele arrependido.

- Tá! – falei o beijando.

3.Carona

Ele me olhou ainda sorrindo e disse:

- Bom. Minha moto está ali vamos.

Ele pegou a minha mão e me levou até a sua moto.

Como não conheço muito de motos o que posso dizer é que era uma moto grande e preta, ele pegou um capacete que estava pendurado em um dos guidons – eu acho que se chama guidom – e me deu como não vi outro:

- Há... E você?

- Ah! Eu só tenho um capacete, pode usá-lo.

- Tudo bem então.

Ele deu um leve sorriso e subiu na moto.

- Vamos – disse-me ele.

- Claro.

Foi um pouco complicado subir a moto pôr ela ser tão grande mas consegui.

- E então para onde vamos?

Ele virou seu rosto para trás e abriu a boca para falar algo, mas eu o interrompi.

- Há... Você está com pressa? – disse eu.

- Nenhuma.

- Eu queria mostrar a você um dos meus lugares preferidos aqui da cidade antes de você me levar para casa você se importa?

- Até parece que você leu minha mente, eu iria te perguntar agora se você tinha algum lugar legal para nós irmos antes de você ir para casa. Eu com certeza não me importo.

- Então tá certo.

Iria levá-lo a um lugar fabuloso perto da minha casa em que eu vou sempre que quero pensar um pouco. Apontei para ele uma avenida que se seguia ao lado do estacionamento, a seguimos até entrar na estrada, fomos pela estrada reta e o pedi para entrar em um caminho de terra, ficamos cerca de cinco minutos subindo por esse caminho até o topo da montanha. Ficamos calados por todo o caminho a não ser pelos meus comandos de descer, subir, virar. Quando chegamos ao topo da montanha não tinha mais para onde ir, de um lado só tinha árvores imensas e de outro um penhasco, então, obviamente, ele parou. Tirei o capacete e desci da moto e ele também.

- E aí o que achou?

Estava de noite e a única luz que havia era a do luar, tinha estrelas por todo o lado, não o sei, mas pra mim aquela era a melhor vista que poderia ter.

- Incrível isso me lembra muito Volterra.

- Lá é assim?

- Quase, a cidade é cercada de árvores e montanhas, as vezes quando queria pensar na vida, entrava floresta a dentro e ia para o topo de uma montanha, ficava lá sentado a noite inteira, por isso me lembra Volterra, isso aqui é um pedacinho de lá.

Ele se afastou e foi mais para perto do penhasco e se sentou no chão.

- Vem! Ou vai ficar aí em pé?

Sorri, fui até ele e sentei ao seu lado, ele se virou para mim e me olhou como um homem que quer comprar um tênis da Nike, mas não tem dinheiro e fica olhando através do vidro da loja o tênis, ele deu um sorriso torto:

- Então Kris... Falei de mim a tarde toda, me fale mais sobre você agora. Conte-me sua história.

E me fitou esperando eu começar.

- Te garanto que minha história não é tão interessante quanto a sua.

- Mas mesmo assim, gosto de ouvir, por favor, não custa nada, ou custa?

- Tudo bem. Mas não me culpe se você achá-la ruim.

- Qualquer história que você conte não será ruim – ele me olhou com mais um sorriso torto.

Minha história não era lá muita coisa, mas já que ele estava pedindo não custava nada contá-lo, então comecei:

- Bom meu pai e minha mãe eram felizes, só que minha mãe era muito ciumenta e meu pai muito bonito, pela versão do meu pai, todas as mulheres olhavam para ele e minha mãe achava que ele que estava olhando para elas, e pela versão da minha mãe, meu pai olhava para todas as mulheres e depois falava que elas que estavam olhando pra ele, em minha opinião, a versão da minha mãe é correta, foi sempre assim até que aos meus dez anos minha mãe se cansou disso e se separou do meu pai, após se separarem ela ganhou minha guarda e fui com ela para Ottawa no Canadá, meu pai ia me visitar sempre que dava lá, e minha mãe sempre o tratava mal quando ia, quando tinha quatorze anos ela encontrou o Peter, um dono de padaria, e se casou com ele, ele era chato pra caramba, e eu santinha demais para bater boca com ele, eu já tava de saco cheio dele aos meus quinze anos, e resolvi fugir de casa, nunca gostei de Ottawa e meus amigos eram todos um bando de falsos, então consegui com muito custo pegar o número do telefone do meu pai dentro de umas das agendas, minha mãe só me deixava ligar para ele com o consentimento dela e com ela perto, então foi realmente difícil achar sem ela ver, liguei pra ele e expliquei a situação, como ele nunca gostará de eu ter ido pra lá e sempre me dizia sim para qualquer coisa ele disse que era pra mim pegar o dinheiro da conta do meu fundo universitário e ir para a casa dele que depois ele recolocaria o dinheiro, e o resto ele resolvia por si só, peguei o dinheiro uns três dias depois e comprei uma passagem de ônibus, foram 6 dias de viagem, quando cheguei na estação de principal de ônibus de Sacramento liguei para o meu pai e ele veio me buscar, ele deixou passar uma semana e ligou para minha mãe alegando que eu apareci lá do nada falando que estava cansada de Ottawa, e aí começou outro processo para ver com quem realmente era melhor eu ficar, e dessa vez meu pai ganhou, e eu fiquei aqui na Califórnia, reencontrei meus antigos amigos e fiz novos, montei uma Banda, que há um tempo acabou se separando por causa de brigas, já fiquei doidona em muitas festas, e já fiz muita coisa errada, mas já cansei de ser a garota “errada”.

- Mas o seu pai não te xinga por você ser tão errada?

- Meu pai não ta nem aí, ele é um meninão ainda, ta mais pra eu cuidar dele do que ele cuidar de mim, ele é muito liberal.

- Legal.

- É.

- Sua história não é ruim – disse ele bem pensativo.

- Mas não é tão boa também.

- Com certeza não é comum – ele disse já se levantando.

Estendeu-me a mão para me ajudar a levantar e disse:

- Vem vamos andar um pouco.

Isso me assustou um pouco, acho que foi nessa hora que percebi minha situação, esta com um garoto que acabará de conhecer no meio da floresta a noite e ele estava me chamando para eu ir dar um ‘passeio’ com ele no meio daquela escuridão.

Ou eu devo ter bebido Coca-cola demais pra chegar a esse ponto, ou eu puxei muito a paranóia que minha mãe tem com tudo e com todos.

- Há... Você não acha que ta muito escura não?

Ele parece ter percebido a situação em que estava – ou a minha cara de meio assustada – e deu um sorriso dizendo:

- É claro que a floresta tá escura né! Tá de noite! – ele me fitou por um instante – Tudo bem... É melhor eu levá-la logo pra casa – disse ainda rindo.

- Porque está rindo?

- Estou rindo porque parece que só agora que você sacou que você está com um cara que nem conhece direito no meio de uma floresta à noite!

Corei um pouco.

- Olha você é cara super legal, mas olhe o meu lado da situação.

Fiz uma careta.

- Calma eu não sou nenhum assassino da serra elétrica – ele riu.

- É deu pra perceber.

- Então? Vamos para sua casa?

Pensei um pouco.

Minha casa era bem perto, cinco minutos caminhando em uma trilha – que meu pai fizera quando vim para cá temendo que eu me perdesse no meio da floresta – e estaria na minha casa. A trilha não era ‘bem no meio’ da floresta, ela dava uma volta nela, então dava pra ir numa boa até minha casa.

- Não precisa me levar, minha casa é bem atrás daquelas árvores ali – disse para o Kal apontando para ele a direção – tem uma trilha ali.

- Há! Deixa disso. Ta com medo de mim ainda?

- Não eu não to com medo – e realmente não estava.

Ele pensou uns segundos:

- Sério? Então não vai se importar se eu for com você não é mesmo?

Queria ter respondido ‘claro’ só para mostrar que realmente não me importava, mas não disse:

- Mas e pra você voltar? Não acho bom deixar sua mot... – ele pousou o dedo em minha boca.

Quem disse que ele tinha intimidade o suficiente para fazer isso comigo? E porque qual bendito motivo meu coração disparava tanto quando ele tocava em mim? E porque não consegui questionar com ele o porquê dele ter tanta intimidade comigo sendo que ele acabará de me conhecer?

- Shhh... - disse ele de repente cheio de confiança – sem mais desculpas, não sou nenhum bandido para você ficar me evitando de repente por uma razão boba, e é claro que não irei deixar uma dama andando em meio a floresta sozinha a noite, por mais que seja uma trilha, onde estaria o meu cavalheirismo se deixasse tal proeza? – nunca vi alguém me convencer da sua companhia com tamanha formalidade como ele me convenceu – vamos! – ele falou encaixando sua mão na minha – outra vez me perguntei “por que tanta intimidade? Será isso coisa dos Italianos?

E assim fomos, em silêncio, conforme andávamos pela trilha ele foi soltando minha mão da dele, quando soltou completamente sua mão da minha a colocou em minha cintura, deveria ficar com medo dele por me agarrar ou coisa do tipo – mas sua mão era gelada e firme, e eu adorei – me sentia confortável com sua mão pousada ali na minha cintura, me sentia segura.

Então pensei, se ele queria intimidade comigo, e a daria.

Coloquei lentamente a mão em sua cintura – e bem definida, forte – ele se sobressaltou um pouco com isso:

- Não está mais com medo de mim?

- E estava antes? – falei demonstrando indiferença.

- Parecia... Eu na sua situação ficaria com um pouco de medo – retrucou-o.

- Tenho que admitir que estava com um pouquinho só de medo, mas já passou.

Então comecei a ver os primeiros sinais de luz – da minha casa – e ele também reparou:

- Essa é sua casa?

- É.

- Parece grande em!

- É bastante grande.

Meu pai gastava praticamente quase todo o dinheiro de seu salário com a casa, e quando ele não tinha nada em mente para construir nela, começava a comprar aparelhos e eletrodomésticos de última geração para colocar dentro dela.

Chegamos à frente da casa.

- Nossa sua casa é linda. Caramba, três andares, janelas de puro vidro, estou realmente impressionado, você não tinha me dito que era rica – disse Kal espantado.

- E não sou meu pai que tem. Um pouco de dinheiro.

- Tá! Correção... Seu pai tem muito dinheiro – ele disse ainda observando a casa – de que ele trabalha?

- Ele é Bombeiro.

- E que cargo ocupa?

- Não sei, acho que é comandante ou coisa assim.

- Quero ser bombeiro – disse ele com um careta.

Paramos em frente à porta da minha casa.

- Bom está entregue – chegou perto de mim e segurou minhas duas mãos na dele – foi um prazer enorme conhecê-la – falou com uma voz galanteadora.

- O prazer foi todo meu Kal – o que era verdade – não é todo dia que você conhece um gatinho daquele naipe.

- Bom vou indo então – murmurou ele.

- Tchau.

- Te vejo na escola!

Dei um sorrisinho e ele se foi. Fechei a porta e entrei.

- Uau! – disse a mim mesma.

Caramba que gatinho era aquele!

Subi as escadas e tomei um banho, vesti um moletom velho e desabei na cama.

Que dia incrível. Conheci um cara lindo, que para minha surpresa virou meu amigo – com um dia. Fala sério! Eu devo ser muito sortuda mesmo!

Foi que me lembrei do meu grande amigo.

Como estaria o Rik agora? Será que ele está com muita, pouca ou nenhuma raiva de mim? Deveria ligar para ele e pedir desculpas por não aceitar sua carona?

Não. Melhor não ligar para ele. Amanhã quando acordar eu vou a casa dele e converso com ele. Afinal, nem meu namorado ele é.

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Censura

12 anos

Gênero

Romance e um pouco de ação.

Escritores(as) :