- Oi Kris! Quanto tempo você não vem aqui. Já estava com saudades de você. – falou a mãe do Rik me abraçando na soleira da porta.
- É. Muito tempo mesmo, também estava com saudades de você, onde está o Erik?
- Há. Ele está lá em cima no quarto. Pode subir Kris.
  Ela fechou a porta e eu comecei a subir as escadas.
- Quer alguma coisa para beber Kris? – perguntou a mãe do Rik.
- Não obrigada.
  Continuei a subir as escadas.  
  Abri de vagar a porta do quarto do Rik. Ele estava dormindo. Fui até sua cama, e sentei ao seu lado, coloquei a mão em seu cabelo – ele com certeza era tão bonito quanto o Kal.
- Ei Rik – falei baixinho em seu ouvido – acorda.
  Ele abriu devagar os olhos, me viu e deu um sorriso.
- Há.. O quê que você ta fazendo aqui? Você nunca vem aqui em casa. Que milagre é esse? – ele se sentou na cama, e estava sem camisa – era quase impossível não olhar aquele peito musculoso.
- Eu imaginei que você estivesse um pouco chateado comigo por eu não ter pegado uma carona com você ontem e resolvi vir aqui.
- Aquilo foi estranho. Tenho que admitir que fiquei com um pouco de ciúmes, mas fiquei muito mais chocado com sua atitude. Você nem conhece direito esse tal de Chad e já vai pegando uma carona com ele assim do nada? Ele poderia ser um psicopata! Do jeito que ele ficou te olhando o dia inteiro, e ainda oferece uma carona? Eu pensei que ele fosse te levar pro meio do nada e te matar! Você é doida! 
- Olha eu vou ser sincera com você, porque amo muito você. Cara, quando eu o vi eu não sei o que aconteceu comigo, eu senti uma coisa diferente que eu não sei explicar, era como se eu tivesse conhecido ele há anos não segundos... Eu não sei o que aconteceu, só sei que... Sei lá! Eu realmente não sei explicar.
  Ele me olhou com expressão de profundo pesar.
- Você está me dizendo que apaixonou por esse cara a primeira vista? – ele me olhou com uma expressão que eu realmente pensei que ele iria chorar, ou cortar os próprios pulsos – É isso?
  Pensei um pouco. Era realmente isso? Eu estava apaixonada por Kal? Ou era só uma paranóia minha? Pensando bem... Tudo o disse era verdade, por mais que eu não tenha registrado o fato, eu realmente tinha sentido como se eu o conhecesse há muito tempo quando o vi pela primeira vez, será que Rik estava certo? Eu estava apaixonada por Kal mesmo?
- Eu não sei – murmurei – Eu realmente não sei.
  Ele virou o rosto e ficou como uma pedra por uns segundos.
- Kris... Eu, não vou esperar mais, eu te amo você é minha vida, você, você tem de me dizer se me ama ou não, e não me venha mais com essa conversinha de esperar você esquecer o Felipe, se você realmente pensa nele tanto quanto diz você não teria se “apaixonado” com esse Chad – ele se acalmou um pouco – por favor, não me faça sofrer mais, me diga se você me ama ou não agora.
   Ele foi um pouco grosseiro, mas estava totalmente certo.
   Porque adiar isso? Eu realmente não pensava muito no Felipe mais, e, não ficar com o Rik por causa de um garoto – super – que conheci ontem não me parecia certo.
Erik merecia o meu amor mais do que ninguém – e eu o amava –, mas Kal me parecia um tanto quanto tentador, mas mesmo assim “eu o conheci ontem” fala sério! 
   Eu queria o Rik e ele me queria pra mim isso bastava.
   Coloquei minhas duas mãos em seu rosto e cheguei meu rosto para mais perto do rosto dele, ele continuou me olhando com cara de tristeza e frustração.
- Erik Wert, eu te amo, sempre te amei, e nenhuma paixãozinha minha se compara a isso – por enquanto eu acho– entendeu?
   Ele ficou radiante, com cuidado colocou suas mãos em meu rosto e me beijou com delicadeza – no começo –, depois foi ficando cada vez menos delicado e mais rápido, mais intenso, ele pegou na minha cintura e me apertou contra o seu peito e com um leve puxão me jogou em sua cama, então, de repente, parou, e me fitou por um longo instante, e deu um suspiro.
- Você é a coisa mais linda que já me aconteceu... Você é o amor da minha vida! – ele disse como se estivesse recitando um poema de Shakespeare.
- Eu também te amo Rik – tentei colocar todo o amor que sentia por ele em minhas palavras.
   Seus lábios tocaram os meus lentamente, e ele se levantou num pulo.
- Vem! Vem vamos contar pra minha mãe a novidade, tenho certeza que ela vai ficar tão feliz quanto eu estou, ela sempre vive me falando ‘Você deveria namorar com a Kris, ela é um a boa menina’ – ele disse fazendo uma imitação mal feita da voz da mãe dele.
   Ele pegou minha mão e me puxou da cama com um sorriso quase eufórico no rosto e me abraçou.
- Agora me diz, se estivesse feito a mesma pergunta a você há um tempo... Você me daria a mesma resposta?
  Não era uma pergunta muito difícil.
- Se tivesse usado as mesmas palavras que você usou hoje, eu com certeza daria a mesma resposta.
- Porque eu não fiz isso antes?
- Não sei, estava esperando você me responder isso.
  Continuávamos abraçados.
- Não sei talvez medo.
- Eu te dou medo? – perguntei sarcasticamente.
- Não. Nunca deu. Sua resposta que me dava medo. Mas, agora você é minha. – me deu um beijo.
  Ele me deu a mão e decemos à escada. Não conseguia parar de olhar para seu corpo – ele estava sem blusa (com aquela barriga sarada a mostra), e com uma calça cáqui (a mesma que usou ontem) –, nem dá para acreditar que isso tudo agora é de uso exclusivo meu.
  Já estávamos na cozinha e sua mãe estava no jardim regando as flores, o que achei estranho – porque o céu estava escuro e com toda a certeza iria chover daqui a pouco –, a única resposta sensata para ela estar fazendo é que ele estava caducando.
- Porque sua mãe está regando as plantas com tempo desse jeito? – falei com Rik que estava pegando um leite dentro da geladeira e pondo o café da manhã na bancada.
  Ele deu uma risada.
- Ela faz isso todo dia na mesma hora, não importa o tempo, sei lá, ela deve ser meio compulsiva com o jardim, ou se não deve estar caducando. Já tá entrando na idade disso – deu outra risada.
- É mesmo. Nunca me disse quantos anos sua mãe tem. – fiz das palavras uma pergunta.
- Sessenta e três anos.
- Não está tão velha.
- Mas já está na idade de caducar.
  Ele se sentou e começou a preparar o café.
- Senta amor – ele falou me apontando a cadeira –, eu aposto o que for que você saiu de casa sem tomar café, não foi?
- Foi. – disse me sentando ao seu lado na bancada – Mas não estou com fome.
- Deixa disso. – ele me entregou um pão de forma com geléia que acabará de fazer – Pode comer.
- Er... Eu acho que não vai fazer mal – peguei o pão e comecei mordiscar-lo.
- É claro que não vai fazer mal, é só um pão, não um monstro – ele riu.
  Revirei os olhos.
  Sua mãe entrou pela porta da cozinha.
- Ei mãe adivinhe a novidade! – disse o Rik já quase quicando.
  Ela olhou pra ele retorceu a boca e fez cara de quem estava confusa.
- Fala logo – disse ela impaciente.
- Eu e a Kristen estamos namorando – ele deu um sorriso e se virou para mim.
  Ela fez uma cara de surpresa.
- Oh! Parabéns para os dois – ela chegou perto de mim e me deu um abraço –, pensei que nunca fosse acontecer – falou ela rindo, foi até o Rik, e o abraçou (até parece que a gente ia casar!), ela olhou pra mim – cuide bem da um meu filhotinho em!
- Pode deixar! – qual seria o grau de vermelho das minhas bochechas agora?
  Ela sorriu.
- Bom, vou ir fazer umas compras agora. Quer algo do supermercado Erik? – disse ela ainda sorrindo.       
- Não quero não, valeu mãe.
  Então ela foi fazer suas compras.
  Nós tomamos o café da manhã em silêncio. Quando nós acabamos ele se levantou e começou a tirar o café da mesa.
- Então, o pão te fez mal? – ele disse levando as vasilhas que estavam na bancada.
- Não, parece que eu sobrevivi – disse com indiferença.
  Ele acabou de lavar as vasilhas e subimos para seu quarto. Ele pulou na cama e bateu a mão no espaço que estava vazio – sua cama era de casal – e eu me deitei ao seu lado, ele olhou para o teto.
- O que você acha que Kal vai fazer quando souber que a gente está namorando?
- Não tenho a menor idéia – falei com convicção.
- Porque não tem a menor idéia? – disse ele ainda fitando o teto.
- Porque eu não o conheço direito – levantei a cabeça e fiquei olhando para o seu rosto, ele me retribuiu o olhar.
- Ontem não parecia que você não o conhecia – falou com um tom sarcástico.
  O fitei incrédula.
- Da para parar com essa crisinha de ciúmes antes que eu me arrependa da decisão que tomei hoje? Que saco! Eu te amo!
  Ele arregalou os olhos e me deu um selinho.
- Me desculpe – disse ele arrependido. 
- Tá! – falei o beijando.
   
 

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